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Baby Blues e Depressão Pós-Parto

Quando o seu bebé nasceu sentiu-se melancólica e triste, porém com a sensação de que estava a ser ingrata? Apetecia-lhe chorar copiosamente? Oscilava entre a energia e o cansaço? É, os baby blues são uma fatia do pós--parto.


baby blues e depressão pós-parto


No meu primeiro texto para o blog do Espaço S, decidi escrever-vos sobre um tema que, embora afete muitas mulheres, no pós-parto, é pouco falado. E quando o é, é-lhe dada pouca e real atenção, como se se tratasse de uma "frescura" e não de algo concreto e com um sério impacto na mulher-mãe. Neste artigo, vamos falar sobre o Blues Pós-Parto, que não é considerada uma doença psiquiátrica (mas sim um quadro sintomatológico muito importante!), e sobre a Depressão Pós-Parto, de forma a compreendermos os sintomas esperados e a sua duração.



O período da gravidez e do pós-parto tem inúmeros desafios


Isto é algo que sabemos mas com que não sabemos lidar. Ao longo da gravidez e depois desta, existe todo um conjunto de mudanças biológicas, psicológicas e sociais muito intensas e importantes, que, sendo até determinado ponto expectáveis, podem conduzir ao aparecimento de psicopatologias ou ao agravamento de quadros de saúde mental previamente existentes. Estas são situações que provocam grande sofrimento às mulheres que por elas passam e às suas famílias e é preciso dar resposta a estas necessidades.



Estar à espera de um bebé, preparar o parto, sentir as exigências sociais e expectativas internas, ver a imagem corporal a mudar, haver uma restruturação da sexualidade e identidade feminina, bem como entrar num novo papel de MÃE não é pera doce.

E quando digo que isto não é pera doce, é porque o período de puerpério é considerado o mais vulnerável para alterações da saúde mental na mulher.



Mas afinal, o que é o Blues Pós-Parto?


Também conhecido como Baby Blues, Postpartum Blues, Maternity Blues, Melancolia pós-parto ou até Disforia Puerperal (nos anos 60), é um quadro que surge nos primeiros 3 dias após o nascimento do bebé, atinge um pico no 4 ou 5 dia e começa a extinguir-se de forma espontânea num período máximo de 10 dias, sendo um quadro clínico leve e transitório, decorrente de todas as mudanças que este período acarreta, e não requer tratamento farmacológico.


Os sintomas mais comuns são:

- Choro fácil

- Labilidade Emocional

- Insónia

- Irritabilidade

- Comportamento hostil (dirigido a familiares e/ou companheiro/a)



Porque é que é importante sabermos que isto existe e acontece?


Apesar deste quadro não interferir com a capacidade de funcionamento da mulher e dos cuidados do ao bebé, é extremamente comum, com surgimento entre 50% a 85% das mulheres. Por isso mesmo torna-se IMPERATIVO que as famílias sejam informadas e preparadas para o eventual surgimento destas mudanças, a par com todas as outras, para gerirem e adequarem os seus comportamentos, para não ficarem alarmados e para o caso de estes sintomas persistirem ou agravarem, saberem a quem recorrer.




Como sei se o que estou a sentir é Baby Blues ou Depressão Pós Parto (DPP)?


Depressão pós-parto é utilizada para designar qualquer episódio depressivo que aconteça nos meses que se seguem ao nascimento do bebé, cujos sintomas podem ocorrer em várias fases e variar em intensidade, duração e tipo:


- Tristeza e/ou apatia

- Perda de prazer e interesse nas atividades de que gosta

- Alterações no apetite

- Alterações no padrão de sono (insónias ou hipersónias)

- Agitação ou lentificação na mente e no corpo

- Cansaço

- Sentimentos de inutilidade ou culpa

- Desesperança

- Dificuldades em concentrar-se

- Dificuldades em tomar decisões

- E, em casos mais raros e mais extremos: ideias de morte, suicídio ou infanticídio e pensamentos intrusivos e obsessivos de causar danos ao ao bebé, que geram vergonha ou culpa



Que fatores podem precipitar o surgimento de uma DPP?


O stress, a ansiedade pré-natal, a insatisfação na relação marital, a história pessoal de depressão, baixa autoestima e blues pós-parto são alguns fatores de risco, associados à DPP e é importante conhecê-los e conhecer-se para prevenir o seu surgimento.

O estado da saúde mental da mãe tem uma influência significativa na qualidade de vida, na dinâmica familiar e na relação que a mãe tem com o seu bebé, podendo dificultar a interação entre eles e até precipitar a interrupção da amamentação (se for o caso) de forma precoce.



O que posso fazer?


Converse com a sua rede de suporte: amigos, família, outros pais. O suporte emocional adequado e a ajuda nos cuidados prestados ao bebé é muito importante. Se os sintomas persistirem ou se agravarem, consulte o/a seu/sua médico/a ou recorra a um/a psicólogo/a e converse com ele/a sobre o que está a sentir.

A intervenção psicológica pode ajudar na prevenção da DPP, e de outros problemas de saúde mental, através do autoconhecimento, da psicoeducação, e da alteração de padrões de pensamento e comportamento disfuncionais e pouco saudáveis, num ambiente de empatia, acolhimento e não julgamento.



Identifica-se com o conteúdo deste artigo? Conhece alguém que esteja a passar por uma situação com alguma das características que aqui referimos? Converse connosco, estamos aqui para ajudar.


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